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AFS é uma ONG que leva estudantes para fora do Brasil


Quando o AFS começou na I Guerra mundial, surgiu como American Field Service, com motoristas de ambulância voluntários dos EUA, resgatando os feridos de guerra na França.
Por Juliana Figueiredo
O comitê Feira de Santana tem registros online de recebimento de participantes estrangeiros desde 1988, mas por muitos períodos o comitê ficou inativo por falta de voluntários. Desde 2002, o comitê se manteve ativo e constantemente recebendo intercambistas ou enviando outros. Em entrevista ao Blog Espalhafatos, Rafael Campos, estudante de Engenharia Civil da UEFS, e também trabalha como voluntário na ONG AFS; ele nos conta como funciona o trabalho desenvolvido pela AFS dentro da cidade de Feira de Santana.
JF- Qual a origem do AFS?
RC- Quando O American Field Service começou a promover seus intercâmbios, estes ainda eram estritamente vinculados com os EUA – somente americanos indo para outros países e participantes dos outros países indo para os EUA. Dessa maneira, verificou-se que os povos começaram a se conhecer e o objetivo estava sendo alcançado com a missão da organização: promover intercâmbios culturais aos diversos povos a fim de haver mais justiça e paz, através do respeito mutuo entre esses povos. Então, ao ver que a idéia deu muito certo e os a aprendizagem cultural fazia parte dos programas do American Field Service, esta rede se ampliou, deixando de ter um pólo nos EUA e passou a ser o AFS Intercultura, onde um participante de qualquer país pode fazer um intercâmbio cultural em qualquer outro país. Hoje o AFS está presente em 88 países.
JF- Qual o critério de seleção de vocês para os alunos de bolsa?
RC- Os critérios para a seleção das bolsas variam com o processo seletivo e edital vigentes. Em 2012, houve 2 editais.  O edital de bolsa do Programa Escolar para países de diversidade, onde foram oferecidas 11 bolsas integrais no Brasil, para participantes de escolas públicas, com renda familiar de até 6 salários mínimos e bom desempenho escolar. Na Região AXÉ (BA+SE), o processo seletivo ocorreu através da aplicação de prova objetiva, redação, entrevista à família e entrevista individual. Houve também o edital nacional de bolsa integral do Programa Escolar nos EUA, onde 8 brasileiros foram selecionados para embarcar ainda este ano, através de uma parceria entre AFS e British Petroleum. Segundo este edital, os participantes deveriam participar de prova online, entrevista via skype, entrevista pessoalmente e teste de inglês. Este programa de bolsas acontecerá até 2016, com um total de 50 bolsas para os EUA.
JF- As empresas que se interessam em patrocinar o que elas ganham com isso?
RC- Muitas empresas tem Responsabilidade Social em sua estruturação e gestão empresarial. Algumas outras podem não ter essa característica aguçada na sua gestão, mas são internacionais e vêem os intercâmbios culturais muito importantes para o desenvolvimento social, principalmente o desenvolvimento emocional, que eles gostariam de ter com os seus funcionários.
JF- Como divulgado o trabalho de vocês?
RC- Em algumas situações que verificamos a necessidade de convocar novos voluntários ou divulgar algum programa de intercâmbio em específico, e temos disponibilidade de tempo, organizamos divulgações em escolas parceiras. Nós também divulgamos o AFS em Feira através de visitas as escolas (parceiras ou não), por conta dos processos seletivos de bolsa ou por conta de convites das próprias escolas para abordar ateática de intercâmbio. Temos também um blog da nossa região, a Região AXÉ (BA+SE), no qual divulgamos informações, depoimentos (participantes brasileiros, famílias hospedeiras brasileiras, intercambistas estrangeiros que estão aqui, escolas) no blog: regiaoaxe.wordpress.com; Mas nossa divulgação principal é de boca em boca, quando um ex-intercambista indica para amigos ou uma família amiga de outra indica o AFS!
JF- Como vocês se sustentam?
RC- O AFS Intercultura Brasil tem título de utilidade publica municipal e estadual no Rio de Janeiro, onde está a sua sede física. Tem também o título de utilidade pública federal e status consultivo no Conselho da ONU. Porém, tudo isso não indica que o Governo brasileiro auxilie financeiramente a organização e, vale ressaltar que o AFS Intercultura Brasil é uma ONG sem fins lucrativos e de base voluntária. O AFS, de modo geral, se sustenta financeiramente através dos programas pagos pelos participantes que desejam fazer os programas de intercâmbio no exterior, pelos repasses dos AFS’s parceiros que enviam seus participantes ao Brasil e alguns patrocínios para eventos específicos, como é o caso da Convenção Nacional de voluntários que ocorre 1x/ano e onde são discutidas e votadas algumas diretrizes do AFS Brasil.
JF- Quais são as bolsas de intercâmbio?
RC- Temos programas de bolsas de intercâmbio, normalmente para o Programa Escolar (high school), o qual se mantem através de: acordos entre o AFS BRA e os AFS parceiros, com a redução dos valores dos programas; bolsas corporativas, onde empresas custeiam o programa de intercâmbio do AFS para filhos dos funcionários, para funcionários ou também a comunidade na qual a empresa está inserida, como um retorno social; e através das bolsas em parceria AFS- British Petroleum, onde serão oferecidas bolsas do Programa Escolar para estudantes cursarem 1 ano letivo nos EUA.
JF- Como se faz para ser um voluntário?
RC- Para se tornar voluntário, basta que se tenha interesse em ser parte do AFS, adotar e acreditar na missão da organização de constituir um mundo com mais justiça e paz através do RESPEITO entre os povos e dedicar um pouco do seu tempo livre à causa. Há também os cargos regionais, que voluntários dos comitês podem se candidatar e serem eleitos.
JF- Qual o trabalho que ele desenvolve?
RC- Normalmente, o voluntário dedica o tempo livre que ele tem em uma atividade que ele tem afinidade/interesse/disponibilidade. Essas atividades vão desde gestão de voluntários (desenvolvimento organizacional); gestão financeira; aconselhamento de famílias e participantes estrangeiros; capacitação de brasileiros que farão intercâmbio; marketing e entretenimento local. Para se tornar voluntário efetivo, deve-se assinar o termo de adesão voluntário junto ao comitê.
JF- Como funciona a AFS dentro de Feira de Santana?
RC- Temos atualmente 11 voluntários no comitê, sendo 5 deles entre 17e 18 anos, que já conviveram com alguns intercambistas do AFS, como colegas de sala de aula ou como irmãos hospedeiros em suas casas. Nos dividimos nos diversos cargos, por afinidade e disponibilidade de tempo,para que o comitê se mantenha ativo. Temos cargos locais de Presidente de Comitê, cuida da gestão e das diretrizes do comitê; Coord. de Escolas (parceria com as escolas, matrículas, Suporte e Qualidade no acompanhamento do participante na escola); Coord. Local de Recebimento (organização do recebimento de intercambistas estrangeiros, seleção de famílias hospedeiras locais; Coord. Local de Envio, cuida da seleção local dos candidatos brasileiros, auxilia na documentação do intercâmbio; Coord.Financeira (recebe os repasses, encaminha aos participantes e presta contas periodicamente); Conselheiro (cuida do Suporte e Qualidade dos participantes estrangeiros e famílias hospedeiras); Coord. de Entretenimento (organiza festas periódicas do comitê, inclusive as que tem intenção de arrecadação de fundos).
JF- Há quanto tempo você é voluntário?
RC- Sou voluntário do AFS Brasil desde setembro de 2007, completarei 5 anos de voluntariado este ano. Já desenvolvi diversas habilidades e atividades dentro do AFS que achei que não conseguiria, me encanta muito e gosto muito do que faço.
JF- Como foi sua experiência de morar fora do Brasil?
RC- Foi uma experiência incrível e única. Quando retornei, tinha muitas saudades e lembrava-me de lá todos os dias. Depois isso foi se aquietando, mas a saudade de tudo do meu intercâmbio acho que nunca vai deixar de existir. Assim como toda experiência de intercâmbio tem seus altos e baixos emocionais, com a saudade de casa e novas experiências, conhecendo pessoas novas e criando novos vínculos onde não existia nada. Passamos por experiências que se imaginam, mas a real magnitude, somente compreenderá quem também participou de intercâmbio. Fiz vínculos afetivos que trago até hoje inclusive de rever pessoas que conviveram comigo durante todo o meu período lá! É Fantástico!


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